segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O Jogo Interior

Roberto Lira


            Esta escrevinhação foi instigada pelas concepções de Thimothy Gallwey*, expostas no seu livro ‘O Jogo Interior de Tênis’. Por ser um apaixonado pelo jogo de tênis, este livro foi e continua sendo um dos meus livros de cabeceira. Nos seus dez capítulos, somente um deles é dedicado aos golpes básicos do tênis. A proposta do livro não é dedicada à técnica para jogar tênis, mas sim explorar o ilimitado potencial que existe dentro de cada um de nós, independentemente de sermos jogadores de tênis, de outro esporte, ou não. Pensamos que a leitura desse livro será gratificante para todos aqueles que já perceberam, ou ao lê-lo perceberão, que os nossos relacionamentos são jogos que se desenrolam não só no exterior, mas especialmente no interior de cada ser humano. O Jogo Interior que passamos a comentar pode ocorrer numa quadra de tênis, no trabalho, no lar ou em qualquer outro lugar.
Este primeiro tempo do Jogo Interior poderia, também, ser chamado de Peleia entre o ego e o eu. Antes de iniciarmos nossos comentários são necessários alguns esclarecimentos preliminares: 1º) o observador pioneiro do ‘O Jogo Interior de Tênis’, Thimothy Gallwey, denomina os dois contendores nos jogos que ele narra de EGO 1 e o EGO 2; 2º) nesta escrevinhação, O Jogo Interior, os contendores serão chamados de o ego e o eu; 3º) como a palavra não é coisa (jogadores), vamos tirar os “elmos” desses contendores e mostrar suas verdadeiras faces: de um lado, no externo do ser, encontra-se o “garboso” jogador, o “senhor” ego, que se esmera em apresentar sua face aos outros como real, mas que, na verdade, é por vezes muito diferente da verdadeira; no outro lado, no interno do ser, encontra-se um atleta verdadeiro, o eu, a antítese do contendor exterior e por ser verdadeiro o eu nunca cria uma imagem fictícia de si mesmo, ele é!
            O “senhor” ego preocupa-se demasiadamente com o resultado de suas ações e como elas podem refletir sua auto-imagem em qualquer de suas jogadas. Quando na realidade deveria descartar o auto-julgamento, a preocupação em mostrar qualidades e/ou posses físicas e materiais e se ocupar em aprender a arte da concentração, ou melhor, a arte da percepção. Essa arte é de grande utilidade em todos os aspectos da vida e o seu desenvolvimento permite, de fato, observarmos o Jogo Interior. O desenvolvimento dessa aptidão faz com que um jogador primário do jogo exterior transforme-se em um competente jogador do Jogo Interior. Ou seja, um jogador pouco consciente de si mesmo, passa a alcançar novos e mais elevados níveis de autoconsciência.
            Já deixamos claro que nas vivências humanas podemos observar dois tipos de jogo: um, o jogo exterior; o outro, o Jogo Interior. É necessário percebermos que tanto o Jogo Interior como o jogo exterior desenvolvem-se simultaneamente e que os grandes e verdadeiros jogadores são aqueles que sabem escolher qual desses jogos deve merecer seu empenho prioritariamente, ou até mesmo exclusivamente.
            Nos jogos que vivenciamos, existem muitos obstáculos a serem vencidos, sejam quais forem nossos objetivos de vida. É no mesmo espaço mental que o ego e o eu desenvolvem suas peleias. Algumas vezes um contra o outro, outras vezes cada um por si contra os obstáculos externos e/ou internos. Geralmente, nas peleias para alcançarmos nossos objetivos externos além dos obstáculos impostos pelo ambiente ou por outros, acrescentamos dificuldades desnecessárias, em geral gestadas interiormente, tais como preocupações, incompreensões, apego exagerado aos próprios interesses a despeito dos de outrem, arrependimentos, etc. Essas dificuldades originadas no interior do ser têm como gestor o “senhor” ego.
            Reiteramos a necessidade de aprendermos a arte de perceber o Jogo Interior, acrescentamos ser necessário que o comandante das ações seja o eu e que essas se desenvolvam sem a interferência do “senhor” ego. Isso requer uma mente não dicotômica, transparente e serena!
Por hora, o comentarista faz uma pausa para organizar suas idéias e também para não cansar os expectadores. Voltaremos assim que possível para comentarmos o segundo tempo deste Jogo Interior.

  * Thimothy Gallwey, foi um estudioso de Harward¸ autor do best-seller The Inner Game of Tennis e The Inner Game of Golf, especialista em tênis. O mundo corporativo deve a Gallwey a introdução do conceito tradicional de Coach (profissional capacitado para ensinar, treinar, dar dicas no processo de desenvolvimento do indivíduo – Coaching é o processo em si). O Coaching parte da premissa básica que o próprio indivíduo é capaz de encontrar a melhor resposta aos seus questionamentos, pois ele possui todos os recursos internos necessários para o seu auto-desenvolvimento.

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