segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Insistindo na travessia para “a outra margem do rio”


Roberto Lira
O blog Ilha de Pala nasceu com o propósito de Compartilhar Idéias, Reflexões e Utopias das nossas vivencias cotidianas. A falta de regularidade nas nossas postagens, por vezes, leva os poucos visitantes do Ilha a supor que o blog submergiu ou que seu atestado de óbito apresenta causa mortis indeterminada. Mais de uma vez, jocosos visitadores nos advertiram do risco de morte iminente que o blog apresenta, com a sinalização de um in memoriam. Aproveitamos a oportunidade para nos desculpar e justificar a ciclotimia das postagens. A causa dessa ciclotimia não é nenhuma psicose maníaco-depressiva, ela se origina na indescritível lerdeza do nosso viver. Asseguramos aos queridos visitantes que, mesmo quando nossas escrevinhações se encontram em hibernação, nosso prélio interior continua e a intenção de compartilhar nossas observações e compreensões idem.
O nosso viver diário decorre, na maior parte do tempo, em minha residência ou no vizinho Praia Clube. Para um analogismo das nossas vivências com o tema em reflexão, Insistindo na travessia para “a outra margem do rio”, vou situar o complexo desportivo/recreativo desse aprazível clube. O Praia Clube tem suas instalações distribuídas ao largo das duas margens de um trecho do rio Uberabinha, que passa dentro da cidade de Uberlândia. Nas  saudáveis e prazerosas atividades realizadas diariamente no referido clube, utilizamos as instalações de um ou do outro lado do rio, dependendo da ação escolhida para determinado momento. Para nos transladarmos de uma margem para a outra do rio podemos escolher uma das três pitorescas pontes disponíveis no interior do clube.
“A outra margem do rio” sobre a qual queremos refletir pode ser vislumbrada, como um lugar onde a felicidade é plena e permanente. Talvez este seja o lugar onde o Eu, o verdadeiro Ser, habita e transita com desenvoltura. Poderiamos, ainda, dizer que é lá a nossa eterna e verdadeira morada. Nosso interesse em tentar alcançar esse lugar, já foi manifestado em uma postagem anterior (Aqui). Nela, mencionamos que tivemos tentativas frustradas, mas, por outro lado, fomos agraciados com promissores insights que podem ser utilizados como “ponte” para alcançarmos aquela almejada “margem”.
Entre as muitas questões suscitadas na presente reflexão destacamos as seguintes: Dispomos de “pontes”, previamente construídas, para alcançarmos “a outra margem do rio”? Ou seja, dispomos de conhecimentos, estabelecidos, que possam nos servir de “ponte” para essa mudança psicológica? Os conhecimentos/ensinamentos adquiridos em livros e/ou textos, sagrados ou não, podem realmente servir como “pontes” para essa travessia? Ou, seriam esses conhecimentos/ensinamentos apenas mapas a nos indicar alguma das possibilidades desse translado?
Mesmo sem uma resposta cabal para as questões acima destacadas, continuamos perseverando em nossa aspiração de atingir “a outra margem do rio”. Nosso esforço vai continuar sendo no sentido de descobrir “pontes”; explorar “trilhas”; encontrar “barcos”, ou mesmo “botes”; até “tirolesas” serão bem-vindas, desde que tenham o poder de nos conduzir para aquela “margem”. Não temos preconceitos quanto ao tipo ou as origens do “veículo” a ser utilizado para a travessia. Nossa maior observação é que a condução desse processo é individual e indelegável, qualquer que seja o “veículo” utilizado. Disso estamos convicto.  
Se um dia realizamos esse almejado objetivo, entendemos que o “veículo” utilizado poderá ser descartado. Pois é lá,  “na outra margem do rio”, onde surgem todos os verdadeiros “veículos” e, também, é lá que seus diversos tipos  são renovados, a cada instante.
            Ao prosseguirmos com nosso compromisso em tentar realizar o processo dessa travessia, na medida do possível e do cabível, escrevinharemos sobre as compreensões decorrentes desse processo. 
             Atenção! Aqui e agora!


domingo, 5 de fevereiro de 2012

Renovando idéias numa breve visita a “A Ilha” de Aldous Huxley

Roberto Lira

Vez por outra, nos deparamos com fatos noticiados sobre o comportamento humano, que alimentam os mais variados comentários tanto nas mídias como nas conversas particulares. Nos últimos dias, dois desses fatos foram profusamente discutidos: o polêmico caso do suposto estupro no programa “BBB 12”, envolvendo os personagens Daniel e Monique; e o caso, não menos polêmico, do cartunista Laerte (bissexual assumido), que como crossdresser foi impedido de freqüentar um banheiro feminino numa pizzaria em São Paulo.

Esta escrevinhação não tem por objetivo discutir as razões dos personagens envolvidos nos casos acima referidos, nem tomar partido em relação as suas condutas. Pensamos que qualquer posicionamento em relação às questões suscitadas, certamente não nos guiará para a construção de uma sociedade em harmonia com o Pensamento do Criador. Assim, deixamos de lado os lamentáveis exemplos acima referidos e voltaremos nossa atenção para a busca de exemplos que possam nos inspirar na renovação de nossas condutas. Já que estas, em última análise, são o elemento constitutivo da nossa sociedade.

A tônica da sociedade contemporânea tem sido a ignorância transformada em dogma político, religioso ou interesse mercantilista. Nossa moralidade é baseada em preconceitos questionáveis, quase sempre, decorrentes de crenças fundamentalistas, em detrimento de Valores Universais.  A massificação consumista que vivemos nos faz crer que possuir dois aparelhos de TV, ou dois carros, nos faz duas vezes mais felizes do que se tivéssemos um só. A Lei do Gerson é o programa que norteia nossa ética. O desrespeito aos meios ambientes de todas as espécies, inclusive a humana, é calamitoso. Et cetera... Et cetera... Et cetera...  Frente a isso, pensamos ser meritório refletimos sobre o destino da sociedade que queremos.

Retornar “A Ilha” de Huxley, com o intuito de extrair compreensões para renovar o viver diário, para muitos pode ser uma inglória “viagem” mental. Não consentimos com esse pensamento. Para nós, as compreensões extraídas com discernimento da paradisíaca Ilha de Pala podem tornar-se matéria prima primordial para uma saudável renovação de nossas condutas, no aqui e no agora.

Ao nos deparamos com os relatos sobre a sociedade palanesa, podemos observar uma civilização muito distinta da que ora vivenciamos. Já que a nossa sociedade não nos tem oferecido exemplos a serem enaltecidos. Talvez, se pinçarmos com o devido cuidado, alguns exemplos da vida na Ilha de Pala possam servir de inspiração para uma renovação benfazeja de nossas condutas. É claro que tais exemplos, prudentemente selecionados, além de coerentes, devem estar em consonância com a própria consciência.  

            A sociedade palanesa se beneficia de uma educação muito diferente na nossa. Com um educação baseada no perfeito equilíbrio entre ciência e espiritualismo, todos os temas são tratados com naturalidade e em harmonia com a real natureza humana. Os palaneses sabem que a Sabedoria não faz insanas separações, destituídas de sentido, como as entre o homem e a natureza, entre a natureza e Deus e entre a carne e o espírito. A vida é um todo indivisível. Em Pala, como a religião não é institucionalizada, o que se evidencia é a experiência real, portanto, desconsidera-se a crença em dogmas improváveis e as emoções decorrentes dessa crença. Para os palaneses não há “povo eleito” nem “terras santas”. Assim, ficam salvos das pragas do papismo e das revivificações fundamentalistas. Na Ilha de Pala, sentimentos de superioridade ou reivindicação de quaisquer privilégios são considerados incompatíveis com a moralidade, com a integridade humana e com um sistema social condigno. O que a sociedade palanesa valoriza é a liberdade e a realização plena das potencialidades de seus habitantes. Resumindo, a modesta ambição dos palaneses é viver como seres humanos “integrais”, em perfeita harmonia com a vida que os cerca, desse modo, tornam-se adultos plenamente realizados.

Extrair alguns exemplos da feliz sociedade palanesa, para inspirarmo-nos e incorporarmos em nosso cotidiano, pode não ser coisa fácil.  São poucas as possibilidades de que isso possa acontecer, mas pode ser que aconteça.

Atenção! Aqui e agora!

Aos interessados, o “visto” para uma visita a feliz Ilha de Pala está disponível neste weblog. É só acessar no link Livros: Aldous Huxley - A Ilha.