Roberto Lira
Quando penso em escrevinhar algo nutrido pela leitura de “cachorrões” (no bom sentido – grandes cientistas, é claro), fico receoso/intimidado com as minhas manifestações pela diferença de tamanho. Latido de “cachorrões” impressiona, impõe. Latido de cachorrinho, por vezes, aborrece. Mas, como, para aprender a latir é preciso começar de filhote, vou dar minhas latidinhas.
Hoje volto a um texto escrevinhado em julho do ano passado, publicado no blog da CIT (leia aqui). Essa revisitação foi estimulada por um lado pela leitura, na última semana, de um post no blog micro/macro – Marcelo Gleiser (leia aqui), e por outro pelas reflexões que tinha feito há quase um ano atrás.
No texto do Gleiser, ele começa tratando sobre a utilização do mito para explicar/justificar algo e segue com: o dilema dos crentes frente à ciência e as religiões; a inviabilidade da estratégia de alguns ateus radicais de decretar guerra à fé; a sua opção pelo agnosticismo; e por fim manifesta que: “Apesar de o natural e o sobrenatural serem irreconciliáveis, é possível ser uma pessoa espiritualizada e cética”.
No texto escrevinhado ano passado, eu me refiro à utilização das fábulas para entender/apreender as coisas com as quais nos relacionamos; a confusão que por vezes fazemos confundido crença com conhecimento; levanto questões sobre o porquê dos seres humanos engajam-se em ideologias tão distintas e por vezes ilógicas; em seguida, tento extrair resposta para as questões levantadas, nos escritos de Gustave Le Bon – “As opiniões e as Crenças” –; e finalmente concluo que, levando em conta as teorias de Le Bon, não podemos subestimar o poder das crenças quando confrontada com a razão.
Nesta revisitação ao texto Conhecimento, Crenças e Opiniões, não mudei o foco do meu interesse em relação ao já escrevinhado. Ou seja, não questiono o “como” conciliar crença e conhecimento, permaneço interessado no “por que” dessa polarização aparentemente irreconciliável entre conhecimento e crença, entre ciência e religião. Já estou advertido que questões do tipo “por que” podem não ser científicas. Como não sou cientista (“cachorrão”), sou apenas um “cachorrinho” aprendendo a latir, vou continuar querendo saber o “por que”, é lógico, desde que este seja baseado em racionalidades. E o porquê (razão, e não propósito) da improvável, mas não impossível reconciliação entre ciência e religião, para mim, continuam válidas as explicações apresentadas pelo Gustave Le Bon, no livro III que trata das Diversas Formas de Lógica que Regem as Opiniões e as Crenças, de sua obra: "As Opiniões e as Crenças" (disponível no link Livros).
Ainda, continuo agnóstico (qualquer dia vou dar uma latidinha neste tema), consinto com Glaser que é possível ser uma pessoa espiritualizada e cética e, também, consinto com o Einstein quando ele dizia “a busca pelo conhecimento científico é, em essência, religiosa. Essa religião é bem diferente da dos ortodoxos, mas nos remete ao mesmo lugar, o cosmo de onde viemos, seja lá qual o nome que lhe damos”.
Atenção! Aqui e agora! Atenção religiosos, Shanti! Shanti!
Atenção! Aqui e agora! Atenção cientistas, Karuna! Karuna!
Tema instigante. E que bela definição do Einstein.
ResponderExcluirAbraços,
Luiz Otávio