Roberto Lira
Ontem, lendo um texto do físico Marcelo Gleiser na coluna “Micro Macro” do suplemento “Mais!” da Folha de S. Paulo, intitulado “Em busca de significado”, de imediato, a faculdade de recordar me conectou com o período vivido há dois anos. Período esse, onde entrei em sintonia com alguém chamado Cleómenes de Oliveira e por cinco meses estabelecemos profícuos diálogos por meio de emails, com temas relacionados ao texto acima referido. Alguns diálogos foram publicados em um blog da minha terra natal, o blog da CIT, no 2º semestre de 2009.
O texto do Marcelo Gleiser acima mencionando, aborda sinteticamente várias questões relacionadas com os anseios da humanidade, especialmente com aquilo que está no cerne do antagonismo entre ciência e religião. Nesta reflexão, vamos nos limitar a focalizar a questão da busca pessoal de encontrarmos um sentido para vida humana, isso dentro do período finito de nossa existência.
Em um diálogo publicado no blog da CIT que tratava da existência (http://www.citltda.com/2009/10/dialogo-com-jk-sobre-existencia-humana.html), manifestei naquela época que nas minhas reflexões nunca tinha encontrado um verdadeiro sentido para vida, exceto no que se referia à sobrevivência. Nesta incluía a geração, criação, educação e encaminhamento da própria prole.
Revendo alguns diálogos com Cleómenes de Oliveira (http://www.citltda.com/2009/11/dialogando-para-salvar-o-olho-de-horus.html – http://www.citltda.com/2009/11/tentando-salvar-o-meu-olho.html – http://www.citltda.com/2009/11/ajudando-salvar-nossos-olhos.html), esse especial dialogador naquela época manifestou que já tinha encontrado o sentido da vida e que este era aquele do “carro de bois”, descrito em um trecho da poesia “O Guardador de Rebanhos” de Alberto Caeiro/Fernando Pessoa:
“Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças — tinha só que ter rodas...”
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças — tinha só que ter rodas...”
Após esses diálogos, o Cleómenes sumiu e também sumiram minhas escrevinhações com reflexões sobre esse tema. Hoje as retomo.
Em uma parte do texto do Marcelo Gleiser, ele manifesta que: “Não existe uma solução única para os nossos anseios. Não sei onde você encontra sentido para a sua vida. No meu caso, a busca se desdobra em muitas trilhas.”
Consinto com o pensamento do Gleiser. Realmente, as trilhas são muitas, mas para caminhantes iniciantes como eu, penso ser necessário distinguirmos uma trilha inicial para a caminhada. Hoje, penso ter encontrado, ou melhor, encontrei um sentido para a minha vida e este sentido é viver aprendendo aqui e agora.
Nesse viver aprendendo aqui e agora, a vida vai ofertando o conhecimento do si mesmo, através do apropriado auto-percebimento nos nossos relacionamentos. Ou seja, meus condicionamentos e medos vão se revelando durante minhas ações e reações, com os semelhantes ou com a natureza, para a minha consciência. A aquisição do conhecimento do si mesmo em cada instante vivido é um processo onde o produto é ofertado à consciência pelas faculdades mentais e sensíveis. Se fosse possível fazer uma analogia desse processo com algum processo físico, escolheria o processo da oferta de oxigênio, através do sangue, às células que dele necessita. O primeiro dá um sentido para a vida, o segundo garante a vida.
Vamos viver aprendendo, aqui e agora!