(Introdução do livro de Jiddu Krishnamurti que dá título a esta postagem – Ed. Nova Era)
A maneira como nos relacionamos uns com os
outros, com nosso cérebro, com bens, dinheiro, trabalho e sexo – esses relacionamentos
próximos – cria a sociedade. Nosso relacionamento conosco mesmos e com os outros,
multiplicado por seis bilhões, cria o mundo. Os preconceitos, a solidão, a
ganância, a fome – física ou emocional –, a raiva e a tristeza de cada um de nós
reunidos formam o mundo. Nós somos o mundo.
O mundo não é diferente de nós. O mundo é cada
um de nós. Então, é simples: se mudarmos cada um de nós, mudaremos o mundo. Se
apenas um de nós mudar, isso já causa um movimento. A bondade é contagiosa.
Na escola, aprendemos a ouvir nossos pais e
mestres. Isso faz sentido, tecnologicamente. Mas milhares de gerações ainda não
aprenderam psicologicamente a parar de sofrer e de causar sofrimento aos
outros. A evolução psicológica não acompanhou a evolução biologia nem a
científica. Na escola, podemos aprender a formar
um meio de vida, mas temos de aprender sozinhos a arte de viver.
A vida fere a todos, com solidão, confusão,
sentimentos de fracasso, desespero. Fere com pobreza, doença emocional,
violência na rua e em casa. Aprendemos muito, mas muito raramente alguém nos
ensina a lidar com os sofrimentos da vida. Ninguém nos ensina que o que fere
não é a vida, mas nossas reações ao que nos acontece. É nosso medo, enraizado
em autoproteção, que causa a dor. Proteger o corpo é natural. Mas será natural
proteger aquilo que chamamos de “ego”? O que é esse ego que é a raiz das inquietações,
da dor psicológica que sentimos quando tentamos protegê-lo?
Se alguém foge da dor e da confusão mentais
recorrendo a drogas, entretenimento, sexo, negócios, o problema doloroso
continua lá, composto de exaustão e vício. Devemos prestar atenção às maneiras
do ego, compreendendo que medo, desejo e raiva são naturais, mas que não precisamos
agir por meios deles, nem ter tudo o que desejamos. Essa compreensão dissolve a
angústia mental.
Precisamos compreender o ego, para entendermos
que ele é a fonte de nossos problemas. Isto não significa ser autocentrados,
mas sim prestar atenção aos pensamentos, sentimentos e atividades do ego, seu
condicionamento cultural, pessoal e biológico. Isso é meditação.
O homem que deixou essas palestras e escritos
viveu como um dos grandes excluídos da sociedade: os rebeldes, os poetas
errantes, os filósofos religiosos, os sábios iconoclastas, os cientistas e os psicólogos
pioneiros, os grandes mestres viajantes de todos os milênios. Por 65 anos,
Krishnamurti falou de liberdade psicológica para quem quisesse ouvi-lo. Fundou
escolas onde crianças, adolescentes e jovens adultos estudam todas as matérias
normais e aprendem a conhecer a si mesmos. Nessas escolas, assim como nas
palestras e no que escreveu, ele mostra que não serão as guerras – interiores e
exteriores – que nos libertarão, mas sim a verdade a respeito de nós mesmos.
Não há caminho, autoridade ou guru a seguir.
Você tem capacidade para descobrir o que você é, e o que esta fazendo com sua
vida, seus relacionamentos e seu trabalho. Você precisa vivenciar o que este
livro diz. A verdade de outra pessoa é apenas uma opinião, até que nos mesmos a
experimentamos. Olhe você mesmo pelo microscópio ou ficará com uma poeira de
palavras, não a real percepção da vida.
Em geral, somos ensinados sobre o que pensar, mão não como pensar.
Apreendemos a escapar da solidão e do sofrimento mental, mas não a eliminá-los.
Tudo o que está neste livro foi extraído dos
escritos de Krishnamurti, de seus diálogos gravados e de palestras públicas.
Leia-o e veja por si próprio que acontece.
Uma última observação: “K”, como esse mestre
chamava a si mesmo, freqüentemente pedia desculpas às mulheres por usar as
palavras “ele”, “dele” e “homem” em seus escritos e palestras. Ele incluía todos
os seres humanos em seus ensinamentos.
Dale Carlson
Editor
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