quarta-feira, 9 de março de 2011

O autoconhecimento


Roberto Lira

Alguns dos textos postados no Ilha de Pala estão relacionadas, de certa forma, com nossa caminhada em busca do autoconhecimento. Conhecer a si mesmo é algo que tem sido recomendado, por pensadores e filósofos, desde épocas imemoriais – uma inscrição no oráculo de Delfos (atribuída aos Sete Sábios Gregos que viveram no VI e V a.C.) advertia: “Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo”. Os caminhos/métodos para essa descoberta são inumeráveis. Também podem ser diversos os conceitos do que seja o autoconhecimento e a sua finalidade.
Não é demais lembrar que, nesta escrevinhação não vai nenhuma pretensão de aclarar nem aprofundar tecnicamente o assunto. Vamos utilizar a oportunidade apenas para expor algumas reflexões e que estas possam nos instigar na busca desse autoconhecimento.
Certamente as inquietudes que levam os seres humanos a buscar algo são gestadas na insatisfação da sua condição particular. Essa busca, alimentada por expectativas de superação da condição que o ser se encontra, pode apresentar distintos propósitos.  Não vamos situar o autoconhecimento como objeto de investigação epistemológica ou com finalidade de busca de natureza ética ou espiritual. Vamos conduzir esta reflexão de forma simples e extensiva para não delimitar futuras manifestações que venham a ser instigadas.
Assim, que propósito(s) move o ser humano a buscar o autoconhecimento?
Observamos que alguns seres, norteados pela tradição grega, buscam o autoconhecimento como uma forma de conquistar saúde e liberdade; Outros, persuadidos pelo romantismo alemão de Goethe, buscam conhecer a si mesmo para libertar-se das cadeias que o prendem a este mundo físico; Nesse sentido, outros seres orientados pelas filosofias/religiões orientais buscam o autoconhecimento para alcançar o Nirvana (estado permanente e definitivo de beatitude, felicidade e conhecimento, meta suprema do homem religioso) ou moksha (libertação do ciclo de renascimento e da morte); Ainda outros, buscam conhecer a si mesmo para consolidar seu processo de evolução consciente na presente etapa de vida. Et cetera, et cetera, et cetera...
Como já advertido, não vamos nos acercar dessa questão por meio de teorias psicológicas ou qualquer linguagem técnica, particular de determinada ciência, filosofia ou religião. Outrossim, deixaremos em aberto a questão da finalidade, do propósito particular, do motivo para cada ser buscar esse conhecimento e nos concentraremos na questão do “como” realizar a tarefa de conhecer a si mesmo?
Frente a essa questão, surgem muito mais perguntas do que propriamente respostas. Assim, iniciamos questionando:
1.   o autoconhecimento pode/deve ser alcançado através de um método (sistema que regula uma determinada atividade)? No caso, necessitaríamos de um instrutor, um guru, um Mestre para nos garantirem essa realização?
2.   o autoconhecimento significa acumular conhecimento sobre o si mesmo ou significa um movimento sempre novo, momento a momento, portanto sem acumulação?
3.   o autoconhecimento é realizado acompanhado/seguido por/de um julgamento ou é realizado apenas com uma auto-observação passiva?
4.   o autoconhecimento é obtido com o observador sendo diferente da coisa observada (o eu) ou é obtido com o observador  reconhecendo ser a coisa observada?
5.   o autoconhecimento  se limita a perceber o conteúdo da consciência no chamado nível consciente (superficial) ou temos que penetrar no nível mais profundo, chamado nível inconsciente?
Essas e muitas outras questões podem ser reflexionadas para uma possível compreensão de “como” alcançar esse autoconhecimento. Podemos ainda não saber ao certo “como” conhecer esse eu, mas acreditamos que ele só pode ser conhecido momento a momento, no aqui e no agora e sem nenhuma imagem que tenhamos dele a ofuscar nossa observação.
Consentimos com aqueles que manifestam que compreender a si mesmo é de suma importância, visto que não podemos compreender os problemas humanos, os problemas do nosso viver, sem conhecer o sujeito que almeja compreender esses problemas. Sem conhecer o próprio eu.
Atenção para auto-observação (passiva?)!...
Atenção!  Aqui e agora!

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