sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Da Insatisfação a Felicidade


Roberto Lira

Da Insatisfação a Felicidade” dá titulo a um livro do filósofo indiano Jiddu Krishnamurti (JK), onde se publica uma série de palestras proferidas na cidade de Bombaim, no ano de 1948.
No início dos anos 80, tivemos oportunidade de ler algumas publicações do Krishnamurti. Desde então, consideramos suas idéias empolgantes, revolucionárias, mas por vezes incompreensíveis. Um belo dia, garimpando na biblioteca da AABB Recife nos deparamos com o livro acima referido, e, a partir dessa leitura muitas das manifestações de JK, até então incompreendidas, foram aclaradas. Procuramos adquirir o livro, mas ele achava-se esgotado. Assim, o exemplar da biblioteca foi xerocopiado e nos serviu de livro de cabeceira por mais de uma década. Depois de um longo período sem manuseá-lo, retomamos a leitura da surrada Xerox. Todo nosso encantamento pelas sábias reflexões que o Krishnamurti nos brinda, ressurgiu a mente de forma muito mais intensa e as compreensões se tornaram ainda mais claras, do que nas pretéritas leituras. Nos últimos tempos, tentamos de novo adquirir a referida publicação, tendo em vista a mesma ter retornado a condição de livro de cabeceira, mas só encontramos um velho exemplar em num sebo na internet, e o valor cobrado julgamos ser extorsivo. Assim, decidimos digitalizar/digitar nossa velha cópia e compartilhá-la com possíveis leitores interessados. Portanto, o PDF do referido livro está disponibilizado no link Livros deste blog.
Krishnamurti pautou toda a sua vida em nortear o ser humano nas questões relativas ao seu viver, encorajando-o a enfrentar os desafios que se apresentam nas relações humanas de forma nova e revolucionária. Segundo ele, a missão que nos cabe é transformar a nós mesmos pelo autoconhecimento. O que significa ficarmos cônscios das nossas ações na vida diária. Nossos pensamentos e sentimentos, que constituem nossa consciência, devem ser observados e examinados passivamente. Isso nos possibilitará afastarmo-nos das danosas “cicatrizes” psicológicas, formadas pela memória. Nessas conferências, os problemas suscitados e analisados pelo conferencista continuam, para nós, atuais e muitos deles agravos.
Até o momento, ninguém nos faz ver de forma tão clara a nossa total responsabilidade nesse processo de autoconhecimento como o Krishnamurti.  Aprendemos com ele a nos livrar da desnecessária dependência de guias, intermediários, ou de instituições organizadas que se propõem a nos religar com a Mente Universal, com a Realidade, com a Verdade, com o Inominável, Deus ou como o quisermos chamá-Lo(a). A partir de suas manifestações, consolidamos a compreensão que o mundo e o indivíduo constituem um processo unitário. O mundo em que vivemos tem nos conduzido a uma Insatisfação generalizada, e com ela vemos surgir em alguns o anelo de transformação que nos traga Felicidade. Estamos convictos que para irmos “Da Insatisfação a Felicidade” é necessário uma transformação radical, e esta certamente começa pela transformação de nós mesmos. JK nos adverte que uma real transformação psicológica é atemporal. Ela não ocorre no devir, no vir a ser, ela pode e deve ser imediata, momento a momento.
Reitero o convite para a leitura do livro de Krishnamurti ora disponibilizado, parodiando o poeta: Transcender é preciso, viver (nas condições que geralmente vivemos) não é preciso.